Aquela última tarde no quarto de hotel de Henry foi para mim como um forno ardente. Antes, sentira apenas ardor no espírito e na imaginação; agora é no sangue. Sagrada plenitude. Saio para a rua atordoada na noite doce de Primavera e penso, agora não me importaria de morrer.
Henry despertou os meus verdadeiros instintos, de modo que já não me sinto ansiosa, carente, incongruente no meu mundo. Descobri onde é que me encaixo. Amo-o e contudo não sou cega aos elementos dentro de nós que se chocam e devido aos quais, mais tarde, ocorrerá o nosso divórcio. Só consigo sentir o agora. O agora é tão rico e tão tremendo.
*
Tudo o que te posso dizer é que estou louco por ti. Tentei escrever uma carta e não consegui(...) Quando te vejo, tudo o que queria dizer desaparece. O tempo é tão precioso e as palavras tão estranhas a nós.
Tu vens e o tempo desliza num sonho.
*
Desprezo a minha própria hipersensibilidade, que requer tanta reafirmação, mas também me torna tão consciente da sensibilidade das outras pessoas.
*
Não são as mulheres fortes que fazem os homens fracos mas os homens fracos que fazem as mulheres super fortes.
*
Estou em constante rebelião contra o meu próprio espírito, que quando vivo, vivo por impulso, por emoção, pelo calor da incandescência.
*
Tenho um sentimento contra o caos completo. Quero ser capaz de viver com June em completa loucura, mas também quero ser capaz de compreender depois, de perceber o que vivi.
*
O luxo não é uma necessidade para mim, as coisas boas e bonitas são.
Henry & June, Anais Nin
Sem comentários:
Enviar um comentário